sábado, 1 de fevereiro de 2014

Tristeza aproxima?





Vejo na tristeza oportunidade.
É através dela que podemos nos ligar as pessoas. A tristeza do outro me convida a ficar junto. Aproxima. Aproxima eu do outro. Aproxima eu de mim mesma.
É impossível descrever como nos sentimos diante de uma situação tão dolorosa quanto a perda de um pai, de uma mãe, de um companheiro (a perda de um filho merece um texto a parte). A dor é tamanha que ultrapassa a alma e se torna física. Os olhos queimam em lágrimas e o coração parece comprimido dentro do peito.
Essa dor que pode ser do outro, torna se nossa. Olhamos aquela situação e imediatamente pensamos: E quando for meu pai? Meu companheiro? Minha mãe?
Não importa quem somos, vai ser inevitável ter de lidar com  alguma situação sofrida, em algum momento, seja o envelhecimento, uma doença, desilusão ou a morte de alguém que amamos.
Perder o rumo é bem comum em momentos como esses, e, por mais que seja claro e certo que a morte é inevitável, nos negamos pensar nisso, falar disso, preparar a  vida pra isso. Dá um medo olhar para essa possibilidade real, é como se a morte fosse acontecer mais rápido quando tratamos de ajeitar as coisas para quando ela acontecer.
 Não, não é um castigo. A morte é um dos caminhos que nos lembra do que realmente é importante na nossa vida.
Através dela podemos mudar, crescer, aprender.
Podemos aprender a viver melhor cada dia, aproveitar melhor as coisas simples e maravilhosas da vida .
Alguns conseguem aprender a amar sem medo de perder, porque a maior perda é a do amor que não demonstramos.
Podemos nos dar conta de que aqueles que amamos podem partir sem se despedir, mas em vez de sofrer pensando no dia que eles se forem, devemos aproveitar enquanto eles estão por perto.
Aprendemos que para tudo na vida existe um jeito, mesmo que não seja o jeito que queremos.
E de repente, tudo aquilo que parecia um problema, ao olhar para a morte, se transforma num detalhe… tão simples de lidar.
“A cada dia que vivo mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.”

Carlos Drummond de Andrade

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