sábado, 22 de julho de 2017

As três peneiras

Fofoca não faz bem pra ninguém...
Que tal essa história?
As três peneiras
Um homem foi ao encontro de Sócrates, levando ao filósofo uma informação que julgava de seu interesse:
- Mestre, o senhor nem imagina o que me contaram a respeito de um amigo seu. Disseram que o ... Nem chegou a completar a frase e Sócrates aparteou:
- Espere um pouco. Disse o mestre. - O que vai me contar já passou pelo crivo das Três Peneiras? 
- Peneiras? Que Peneiras, mestre? 
- Explico. Disse Sócrates. - A primeira é a peneira da VERDADE: Você tem certeza de que esse fato é absolutamente verdadeiro? 
- Não. Não tenho, não. Como posso saber? O que sei foi o que me contaram. Mas eu acho que... E novamente é interrompido. 
- Então sua história já vazou a primeira peneira. Vamos então para a segunda peneira que é a da BONDADE: O que você vai me contar, gostaria que os outros também dissessem a seu respeito? 
- Claro que não! Deus me livre! Disse o homem, assustado.
- Então. Continua Sócrates - Sua história vazou também a segunda peneira. Vamos ver a terceira peneira, que é a da NECESSIDADE: Convém contar? É realmente importante a divulgação desta informação? Resolve alguma coisa? Ajuda a comunidade?
- Devo confessar que não. Disse o homem, envergonhado.
- Então, disse-lhe o sábio, se o que queres me contar
não é VERDADEIRO, nem BOM e nem NECESSÁRIO ...
... GUARDE APENAS PARA TI!
E ainda arrematou:
- Sempre que passar pelas três peneiras, conte! Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o mundo e fomentar a discórdia.

A vida em mim.....



A impressão que eu tenho é de não ter envelhecido embora eu esteja instalada na velhice.
O tempo é irrealizável.
Provisoriamente o tempo parou pra mim. Provisoriamente, mas eu não ignoro as ameaças que o futuro encerra.
Como também não ignoro que é o meu passado que define a minha abertura para o futuro.
O meu passado é a referencia que me projeta e que eu devo ultrapassar. Portanto, ao meu passado eu devo o meu saber e a minha ignorância, as minhas necessidades, as minhas relações, a minha cultura e o meu corpo.
Que espaço meu passado deixa para minha liberdade hoje? Não sou escrava dele. O que eu sempre quis foi comunicar da maneira mais direta o sabor da minha vida.
Unicamente o sabor da minha vida.
Acho que eu consegui faze-lo.
Vivi num mundo de homens, guardando em mim o melhor da minha feminilidade.
Não desejei nem desejo nada mais do que viver sem tempos mortos.
Simone de Bevouir